segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Post Meloso

"Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é a saudade. Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa. Doem essas saudades todas. Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã. Saudade é basicamente não saber. Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio. Não saber se ele continua sem cortar o cabelo por causa daquela mania de gel. Não saber se ela ainda usa aquela saia. Não saber se ele foi na consulta com o dentista como prometeu. se ela tem assistido às aulas de inglês, se aprendeu a entrar na internet e usar o irc, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua preferindo Suco de uva, se ela continua preferindo Ades de morango, se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados, se ela continua sem saber cantar, se ele continua sem celular, se ela continua detestando MC Donald´s, se ele continua amando comida chinesa, se ela continua a chorar até nas comédias. Saudade é não saber mesmo! Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Saudade é não querer saber se está tudo bem com ele, e ao mesmo tempo querer. É não saber se ela está feliz, e ao mesmo tempo querer.É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber, e ainda assim doer..."
Prometo um post mais autêntico da próxima vez!
Desculpe.
:)

Um comentário:

Srta. Festa disse...

Puxa que post profundo.

Bem legal, não sei se você sabe, mas eu também já tô com saudades...

Tchau Té, gostei mesmo...^^

(nem sei o que escrever em um post desses, desculpe as poucas palavras)